segunda-feira, 7 de março de 2016

Will Fey Tiger - Chênedollé - agosto de 1944 - Tamiya 1/35

Buenas,

Após ler a história deste valente guerreiro na edição de uma revista francesa tomei 3 decisões: 1 - traduzir o texto para disponibilizar a quem interessar; 2 - Comprar o seu livro "Armor Battles of the Waffen ss 1943-45", da Editora Stackpole e 3 - Montar um kit fazendo a versão do seu veículo.

Mas, antes de entrar na parte mais divertida (que é a montagem do kit), gostaria de colocar o texto traduzido. Ele é um pouco longo mas acredito que valerá o esforço.

Panzer Aces - Will Fey - 88 vitórias
Um guerreiro com alma - Por Laurent Tirone 
No que diz respeito à Batalha da Normandia, o SS-Unterscharführer (terceiro-sargento) Will Fey é considerado por unanimidade como o "Ás dos Ases" dos comandantes de carros alemães engajados em combate dentro do setor de Caen. A sua carreira militar é, no entanto, uma das mais atípicas. Mesmo que ele jamais tenha comandado antes um simples Panzer no curso de sua carreira, ele a iniciou na 52ª Divisão de Infantaria, ele foi integrado diretamente na torre de um Tiger do 102º Batalhão de Tanques Pesados das SS! É a bordo do mais célebre dos carros da Arma Panzer que ele se inscreverá na lista impressionante de ases no espaço de poucas semanas.


Will Fey como Oberscharführer (Primeiro-Sargento)

A carreira militar de Will Fey inicia em 17 de agosto de 1939 quando ele se alista num Panzer-abwehr-Ersatz-Abteilung. Depois do período de instruções e treinamento, ele é transferido, em janeiro de 1940, para o Panzerjäger-Abteilung 152 da 52ª Divisão de Infantaria então comandada por Hans-Jürgen Von Arnim, futuro comandante das forças alemães na Tunísia em 1943. A Campanha da França oferece a ocasião para demonstrar a sua coragem em combate. Pelos seus feitos de armas, a 15 de junho, ele recebe a Cruz de Ferro de segunda classe. Depois vem a guerra no Leste com o início da Operação Barbarossa a 22 de junho de 1941. A Wehrmacht se lança ao assalto do colosso soviético. A 20 de dezembro de 1941, Fey é gravemente ferido na frente de Moscou durante a Operação Tufão. Depois de uma longa convalescença, ele retorna à sua unidade em agosto de 1942. No mês seguinte, é ferido pela terceira vez. Em setembro de 1942, ele é condecorado com a Cruz de Ferro de primeira classe, com distintivo de Assalto de infantaria e combate aproximado na versão bronze. Suas qualidades não passam despercebidas aos seus superiores que lhe propõe seguir um curso de sub-oficiais.
Enquanto o SS-Panzer Korps se cobre de glórias pela retomada de Kharkov, o resto do exército alemão sofre pesadas perdas no início de 1943. Assim, a 52ª Divisão de Infantaria é quase aniquilada. Exangue, a divisão não será reconstituída. Em março de 1943, Will Fey é ferido pela quarta vez. No curso de seus enfrentamentos, os soldados da Wehrmacht combatem ombro-à-ombro com os homens da 2ª Divisão Panzer-Grenadier SS "Das Reich". O encontro com este corpo de elite é uma revelação para Fey que aprecia o espírito de camaradagem e a coesão existente no seio dos granadeiros das Waffen-SS. Uma vez curado, solicita sua transferência para uma unidade SS. Sua candidatura é aceita.
Fato extraordinário, ele é encaminhado diretamente para o SS-Panzer-Abteilung 102! Melhor ainda, embora as equipagens das formações de carros pesados sejam selecionados dentro da condição de que para integrar estas unidades seja necessário possuir uma certa experiência em matéria de combate blindado, os superiores de Fey lhe confiaram o comando de um Tiger com a graduação de Unterscharführer (Terceiro-Sargento)! Apesar de talentoso e enérgico Fey jamais havia comandado um carro anteriormente. De qualquer maneira, o Tiger-Abteilung (Batalhão Tigre) está então estacionado na Holanda, próximo de Oldebruch. Ali, seguindo o velho adágio militar que diz que o "suor economiza o sangue" os Panzerschützen treinam sem descanso. Quando os Aliados desembarcaram na Normandia em 6 de junho de 1944, a unidade completa de Fey se dirige para a região de Saint-Pol, ao sul de Calais, para combater um eventual segundo desembarque. É somente em 1º de julho que os Tigres se póem em rota a fim de ganhar o front normando. Depois de uma desgastante viagem durante a qual as máquinas e as equipagens são postos à rude prova, os pesados se reúnem em torno de Cauville. Eles são colocados em reserva em Vacognes, ao sul de Evrecy.


Will Fey, Paul Egger e outro membro do 102

No dia 10, o Schwere SS-Panzer-Abteilung 102 parte em direção à cota 112 onde os combates acontecem com as tropas britânicas.
Com o seu Tiger nº 134, Will Fey tem o seu primeiro combate como tanquista. Conforme ele nos conta: "Determinado a entrar em batalha, nós avançamos com o nosso tigre através das cercas-vivas. Logo, quatro Shermans apareceram à frente de nosso canhão. Como durante nossas instruções e exercícios eu comandei à minha equipagem: Tanque, Alto! O carro mais à esquerda, 200 metros, Fogo à vontade! Dois obuses são suficientes para cuidar dele.
Em seguida, atacamos o segundo, também à esquerda, mesma distância. Ele sofreu o mesmo destino do primeiro. Enquanto isso, Baral, nosso Comandante de Pelotão, penetrou perto de nós e destruiu o terceiro Sherman. O quarto Sherman fugiu apressadamente pela estrada em direção a Éterville. A missão é cumprida; não haverá mais preocupações no nosso flanco direito nas próximas horas! Para a jovem tripulação de nosso Tiger, este primeiro engajamento no Oeste é um grande sucesso! No retorno para Saint-martin nós ainda vemos à distância os Shermans incendiando como tochas contra o fundo de céu crepuscular. Que espetáculo! Mas, é necessário partir novamente para o combate. Nos é ordenado atacar a Cota 112 às 20h00min. Os granadeiros da Hohenstaufen (9ª Divisão Panzer SS) acompanharão os carros. O fogo de artilharia inimiga diminui à medida que nos aproximamos para finalmente se transformar numa espécie de rolo compressor que a tudo esmaga. E como foi treinado, cada um assume a sua posição de batalha rapidamente. Nossa companhia passa ao ataque dentro de poucos minutos.
O rádio anuncia aos postos em ondas ultra-curtas, foram colocados os fones e os laringofones: "Rádios prontos!" As frequências são ajustadas; as vibrações passam pelas membranas de nossos fones, tudo vai bem. São 20h10min! A escotilha da torre se fecha; nós nos encerramos dentro do tanque...O motorista põe o veículo em marcha. Um pequeno solavanco nos indica que o motor está funcionando bem. o nosso Tigre está à caminho!
Nós avançamos. Pelos nossos visores, vemos alguns ramos usados na camuflagem caindo dos veículos em marcha. Com um grande guincho de lagartas nós viramos um quarto de volta para a direita. Em uma longa coluna, a Companhia retoma a rota juncada de troncos de árvores da espessura de um braço humano. Nós não enxergamos quase nada à direita ou à esquerda além de árvores, seguimos somente a traseira do tanque que nos precede. Assim nós chegamos no lado oposto da colina.
Os quatorze carros da Companhia se posicionam conforme a formação prevista. A meio-caminho da encosta (vertente) 112, descendo na direção de Saint-Martin há um bosque espesso que interrompe o declive. É ali que nós deveremos nos postar. Será a nossa posição de tiro. Logo após a crista, os britânicos nos observam. eles seguem os nossos movimentos até o vale do Rio Orne de onde nós recebemos os nossos suprimentos. Sob uma impressionante barragem de artilharia o inimigo alcança a parte mais alta onde começa a se instalar.
Mas ele mostra pouca inclinação ofensiva. Talvez eles não queiram vir e medir forças com os nossos tanques pesados? No entanto, nós estamos curiosos para ver como este confronto se dará. o combate pela colina começa em 10 de julho de 1944; mais tarde, nós lhe daremos o nome de "Kalvarienberg" - Morro do Calvário, devido aos inúmeros confrontos sangrentos que ali ocorreram. Todo metro quadrado deste solo será revolvido várias vezes pelos obuses. Dentro deste inferno, onde as armas pesadas causam danos consideráveis, golpeando às cegas, buscamos um abrigo, no qual esperamos atrair o inimigo. Sem demora, os blindados Aliados aparecem no horizonte. A armadilha foi ativada mesmo que eles sejam apenas meia dúzia. Parte da Companhia avança um pouco para melhor observar. Dentro de cada tanque Tigre, o comandante lança um olhar rápido para os quatro homens colocados no compartimento de combate localizado logo abaixo dele. Aqui está o artilheiro, Albert Laumbarthe, tão jovem quanto nós. ele é oriundo das unidades motociclistas da Divisão "Das Reich". O municiador é o Cabo Paul, um alemão originário das minorias raciais de nossos compatriotas instalados na Ucrânia, na região de Kiev. Mais embaixo, à esquerda, está o motorista com a idade de 19 anos, Hermann Schmidt. Ele já havia pilotado um Tigre no front Leste. Ele está bem familiarizado com os blindados e já é um dos veteranos da Companhia apesar de ser um adolescente ainda. Operando o rádio vem Heinz Trautmann que também exerce a função de responsável pelos suprimentos e de manusear a MG do casco. Ele também já combateu na Rússia à bordo de Panzer III, Panzer IV e também Tiger. Nosso comandante, o SS Obersturmführer (Primeiro-Tenente) Kalls, está num veículo de comando de onde nos dá suas ordens via rádio fria e reflexivamente. A tripulação não percebe a alta temperatura que faz dentro do tanque. O motorista tem o volante e vários dispositivos para controlar: tacômetro, pressão do óleo e temperatura do motor. De repente, de acordo com as ordens, nós aceleramos! Nós avançamos e os Shermans abrem fogo. A grande barragem começa...Se o tubo de 8,8 centímetros do Tiger é demais para os tanques americanos, os bombardeiros leves da Força Aérea dos EUA intervém e nos obrigam a recuar para o abrigo. No dia seguinte, os homens do Schwere SS-panzer-Abteilung 102 partem ao ataque da cota nº 112, mas desta vez, sua progressão é através do setor norte da colina. Detectados por aviões de observação da Real Força Aérea, os Tigres sofrem um violento bombardeio de artilharia que obriga os granadeiros a parar o seu avanço e recuar, os Panzers são privados de sua escolta de infantaria. Simultaneamente surgem os primeiros tanques Churchill. Apesar de suas grossas blindagens, os blindados Aliados sucumbem aos perfurantes de Fey e seus companheiros. Os artilheiros ingleses tentam colocar as suas armas anti-tanques em bateria, mas os Tigres os mantêm sob pesado fogo, bloqueando assim os seus movimentos. A fim de reduzir a pressão exercida pelos blindados alemães, os britânicos lançam uma enorme camada de neblina artificial. Aproveitando esta pausa, os artilheiros inimigos conseguem se organizar e abrir fogo com seus canhões anti-tanques. O Tigre de Fey recebe vários golpes na blindagem frontal mas resiste muito bem. Por ordem dos comandantes de tanques, os motoristas levam suas máquinas para deixar o mais rapidamente possível a zona do "purê de ervilhas" onde se dissimula a espreita da ameaça mortal dos canhões anti-tanques britânicos. Logo, do meio da fumaça surgem os Tigres e obrigam os ingleses a bater em retirada. Dois Churchills são imediatamente incendiados enquanto os obuses de alto explosivo (HE) e metralhadoras dos tanques alemães causam estragos entre as tropas inimigas. O topo da colina é conquistado. O Schwere-Panzer-Abteilung 102 vai manter a posição durante vinte dias antes de se retirar, sob ordens do comando superior. O balanço da operação é positivo para os alemães porque os Aliados tiveram perdas muito altas diante da eficiência dos Tigres. No período de 10 de julho a 22 de agosto de 1944, os Tigres reivindicaram 230 (227 segundo outras fontes) tanques, 28 canhões, 19 veículos meia-lagartas, 4 auto-metralhadoras, 34 caminhões e um número de veículos leves destruídos ou capturados. Por sua parte, após duas semanas de combates intensos, Will Fey acrescenta à sua lista de caça 23 tanques destruídos, destes, 17 são Churchills, 3 Cromwells e 3 Shermans. Também 3 canhões anti-tanques com os seus respectivos tratores de meia-lagartas foram para esta mesma conta.


A igreja de Chênedollé

Após ter se retirado da cota 112 o Schwere SS-Panzer-Abteilung 102 é reposicionado no setor do Rio Vire. A 7 de agosto, Fey e os seus companheiros se encontram próximos à cidade de Chênedollé onde irão participar de um ataque apoiados pela 1ª Cia do 600º Batalhão de Pioneiros do Exército, sob as ordens do Primeiro-Tenente Gaul. Tão logo amanhece o Tigre 134 de Fey já está posicionado em frente à igreja de Chênedollé. Bem camuflado, com a tripulação atenta aguardando que um grupo de combate misto de Granadeiros e Pioneiros se juntem à eles a fim de iniciar o assalto. Para reduzir as consequências desastrosas de um eventual bombardeio de artilharia ou de um ataque aéreo, uma distância de 100 metros foi deixada entre cada um dos veículos. Logo, os homens de Gaul alcançam as suas posições de ataque. Conforme as ordens, eles se deslocarão bem junto aos veículos, evitando assim serem observados pelo inimigo. Tudo vai bem! Contudo, ainda não é o momento de passar ao ataque. É aguardada uma preparação de artilharia. Por alguns instantes, nada acontece...
Em vez do som de tiros de obuses e de lança-foguetes de lançamento múltiplo saindo de sua retaguarda, os tanquistas ouvem apenas o canto dos pássaros e o barulho dos motores de alguns caça-bombardeiros, como se estivessem num passeio pelo campo. As horas passam sob o sol normando sem que um único obus venha atingir as linhas inimigas. Se os alemães estão paralisados, ocultos perto dos edifícios ou em abrigos na mata, o mesmo não acontece com os Aliados.
Os Pioneiros avisam pelo rádio do surgimento de uma quinzena de blindados e meia-lagartas inimigos vindo da aldeia de Houssemagne e descendo em direção ao vale. Neste momento, as tripulações dos Shermans do 23º de Hussardos, da 11ª Divisão Blindada Britânica, estão muito longe de perceber que estão se dirigindo diretamente para a "goela do lobo", ou seja, dos Tigres da 102! Pior ainda, inconsciente do perigo mortal que os aguarda, os britânicos se dirigem para um caminho que não tem saída! Debruçado sobre a sua torreta, Fey observa atentamente a coluna inglesa que desfila como em uma parada à 1200 metros de distância bem em frente aos seu canhão; grau à grau a torre do Tigre acompanha o deslocamento dos Shermans. Ao comando do seu Bordführer (Chefe de Carro), o artilheiro do Tigre 134, Albert  Laumbarher, fará "falar" o seu canhão. Entretanto, Will Fey decide esperar um pouco mais. A tensão vai crescendo no seio dos homens do 600º Batalhão de Pioneiros do Exército, para quem a presença dos blindados inimigos é muito desconfortante; ainda mais que os poderosos Tigres permanecem mudos. Impelido pelo nervosismo que impregna o ambiente, um jovem tenente dos Pioneiros sobe na torre do Tigre para exigir que se abra fogo e se finalize a batalha de uma vez. O rádio de Fey envia uma mensagem ao SS-Sturmbannführer (Major) Hans Weiss indicando que os blindados inimigos e sua infantaria de acompanhamento se encontram a uma distância de 600 metros e pede permissão para abrir fogo. A resposta de Weiss é inequívoca: "suspender fogo"! E, bem ao contrário, ordena que Fey retroceda pois desconhece-se o efetivo da tropa inimiga e do seu possível apoio. Mas não foi levado em conta o caráter empreendedor do Chefe-de-Carro hessiano. Tanto preciso, quanto fogoso, Fey não irá perder esta excelente oportunidade de aumentar o seu escore pessoal. Ele ordena aos seu rádio-operador, Heinz Trautmann, para desabilitar a recepção do rádio e manter apenas a emissão. Enquanto que Paul, o municiador, coloca uma granada anti-tanques na culatra do canhão, o motorista, Hermann Schmidt, manobra o tanque para oferecer a parte mais blindada do veículo para o inimigo, 10 centímetros de aço! Os veículos inimigos se aproximam. eles estão à 800 metros e ainda não perceberam a presença dos Tigres. Laumbarher alinha cuidadosamente um primeiro alvo no seu visor e pergunta a Fey quais serão os alvos seguintes. A uma determinada distância, a velocidade de execução é primordial e o artilheiro tem o máximo interesse em coordenar os seus próximos alvos. Por fim vem a ordem liberadora. Fogo! Quando os Shermans se encontram à 600 metros do Tigre 134, Will Fey autoriza o seu artilheiro a abrir fogo. Um primeiro blindado é atingido em cheio. As equipagens inglesas aceleram buscando abrigo enquanto os seus Chefes-de Carro tentam identificar a origem do ataque. Neste meio tempo, um segundo veículo é posto fora de combate à 400 metros. Rapidamente um terceiro sofre a mesma sorte. Por segurança, e como é indicado pelos regulamentos da Arma Panzer, Laumbarher dobra os seus tiros sobre as infortunadas vítimas. Então. já são quatro Shermans que incendeiam diante do Tigre de Fey. Os seus tripulantes tentam sair de suas máquinas em chamas antes que seja tarde demais. Passado o primeiro momento de surpresa, os blindados ingleses localizam a origem do ataque e começam a abrir fogo no Tigre emboscado. as granadas de 75mm martelam a carcaça do Tigre mas não penetram a sua espessa blindagem. em contrapartida, orinetado por Fey, como chefe-de-carro, laumbarher segue as prioridades metodicamente. Agora já são 6 Shermans imobilizados. Desorganizados os infantes ingleses decidem preservar a sua saúde e abandonam precipitaadamente os seus meia-lagartas incentivados pelos tiros da MG34 de Trautmann. Um sétimo e depois um oitavo blindado são atingidos pelas granadas perfurantes. Dentro das linhas inglesas o pânico é total...quando, subitamente, o canhão do Tigre 134 emudece! Não! atuando muito próximo da culatra do seu canhão o municiador Paul inalou uma tamanha quantidade de fumaça de pólvora queimada que caiu inconsciente no chão da torre do Tigre. o rádio-operador sai de sua posição para assumir a função de carregador antes que os artilheiros ingleses ajustem os seus tiros e acabem por destruir o Tigre. Os impactos continuam a sacudir o monstro de 56 toneladas. A tensão aumenta rapidamente dentro do carro. Irá a blindagem aguentar os repetidos impacto do inimigo? Sem falar do ruído assustador que põe os nervos dos homens à flor da pele. Fey ordena ao motorista que dê marcha-à-ré e se ponha ao abrigo. Muito tarde! Uma granada de grosso calibre acerta o Tigre na parte dianteira do casco, entre os postos do motorista e do rádio-operador pulverizando este último. Um canhão anti-tanques de 17 libras colocou o Tigre na sua alça de mira e os artilheiros ingleses se esforçam para destruir o monstro. dito de outra forma, o próximo tiro tem fortes chances de conseguir isto. Albert Laumbarher, que observou o brilho da chama do canhão inglês, faz girar rapidamente a torre que estava já na posição de 9 horas. Três tiros destroem o canhão inglês antes que ele consiga fazer o fatídico disparo. O ambiente dentro do carro alemão é sufocante. Calor e fumaça deixam a atmosfera irrespirável. O motor, que estava em funcionamento desde o início do combate, começa a superaquecer. Os ventiladores estão no máximo de suas capacidades mas são insuficientes para resfriar o enorme motor  Maybach do Tigre. Uma fumaça azul começa a sair dos cilindros e o colapso do motor é iminente... Mas Fey e seus homens estão engajados numa luta de morte e a reflexão sobre a situação toda demora a chegar. Muito ruim! Nós combateremos até o fim e depois veremos...Albert Laumbarher alinha outro Sherman; é o décimo-segundo da jornada! Os tanquistas inimigos multiplicam os seus golpes sem no entanto acabar com o animal ferido. A situação está crítica para a tripulação de Fey, a tal ponto que ele reabilita a ligação rádio para pedir instruções a Weiss. Devido aos danos sofridos pelo Tigre 134, a ordem é para abandonar o veículo. Mas Fey não entende assim. O seu carro pode ainda combater e, enquanto restar uma granada, não iremos fugir! O posto do rádio é novamente atingido. Difícil obedecer uma ordem que não se entende...Especialmente agora que já são quatorze carcaças incendiadas de Sehrmans a juncar o terreno. O último sobrevivente desta carnificina desapareceu do campo de visão de Fey. É meio-dia. o combate durou apenas meia hora, minutos que pareceram muito longos a todos os protagonistas desta ação! Mas os Shermans não foram as únicas vítimas dos terríveis golpes de canhão de 8,8cm do Tigre, os destroços de muitos meia-lagartas comprovavam a precisão do tiro do Tigre 134. Mas, tal sucessão de vitórias custou toda a dotação de granadas do Tigre. Will Fey então desce do seu Tigre e se dirige, sob fogo de armas portáteis do inimigo, até o tanque mais próximo que está a cem metros de distância para conseguir granadas extras. Mas a tripulação deste tanque se recusa a abrir a escotilha e atender as batidas de Fey. Já no segundo tanque visitado a tripulação responde "presente". Fey então retorna ao seu Tigre carregando uma granada sob cada um dos braços. O caminho de volta agora está sendo batido também  pela artilharia dos Aliados. Enfim o chefe-de-carro volta ao seu posto com as preciosas granadas. Apesar do seu sucesso a tensão emocional na tripulação é enorme.



A posição o Tigre de Fey era, aproximadamente onde está a letra A. A seta em vermelho indica a direção do avanço inglês.


O seu Tigre está seriamente danificado e uma das lagartas está rompida. Somente com o reboque por um ou dois tanques do batalhão é que poderão tirá-lo de lá; Mas, agora são as salvas da artilharia inimiga que se abatem sobre o setor com as regularidade de um cronômetro, durante vários minutos. Após a tempestade de "aço", surge o sol, afirma o ditado popular. Contudo, na Normandia, em 1944, com o sol surgem os caças-bombardeiros americanos e ingleses... Alguns Jabos, aparecem sobre o pequeno vilarejo de Houssemagne; um piloto mais atento notou o blindado alemão. Algumas granadas fumígenas são acionadas pela tripulação do Tigre para fazer parecer que o tanque está definitivamente fora de combate. Desta feita o ardil funciona. Subitamente se houve um ruído de lagartas a uma centena de metros à direita do Tigre imobilizado. Paul, o municiador que enfim recuperou a sua consciência carrega uma granada perfurante na culatra do canhão e mantêm a última à mão pronta para uso. Escotilhas abertas, a tripulação se prepara para abandonar o veículo. Fey avista o Sherman inimigo restante passando pela vegetação em direção ao Tigre. Se, em condições normais, o Sherman não é adversário para o Tigre, o 134 está muito mal e poderá sucumbir a um novo disparo inimigo. o Tigre dispara. Muito nervoso, Albert Laumbarher erra o tiro. O projétil passa alto sobre o alvo. O segundo disparo é certeiro. Atingido na base da torreta o Sherman pára, destroçado. Com um grande alívio para a tripulação do Tigre que pode saborear o prazer de um dia de caça excepcional: quinze Shermans destruídos em 30 minutos!
Ironicamente, o silêncio que reina dentro do tanque é subitamente interrompido pelo longo chiado dos Nebelwerfer (Lança-foguetes) que decidem enfim entrar em ação! Esta barragem de artilharia concede um pouco de proteção para os homens do Tigre 134. Deixando penosamente a sua posição, o Tigre 134 é deslocado para uma serraria em ruínas, à Leste da igreja do vilarejo Chênedollé, de onde, sob a proteção da noite é rebocado por dois outros Tigres para Vassy. Log de sua chegada ao posto de comando do Batalhão, Fey é felicitado pelo seu comandante SS-Obersturmführer Kalls. Sua recepção não é nada calorosa, no entanto, pelos mecânicos da Panzer-Werkstatt-Kompanie (Companhia de Manutenção) que terá a missão de consertar um veículo transformado em escumadeira! O Tigre está tão danificado que Fey e sua tripulação recebem o Tigre 001 em substituição. Na jornada de 07 de agosto de 1944, Fey reivindica 15 Shermans, 12 meia-lagartas e um Bren-Carrier. Os britânicos perdem cerca de 400 soldados, mortos ou feridos. Os arquivos ingleses confirmam as perdas de equipamento mas referem apenas um morto e um ferido nesta ação...!? O Schwere-Panzer-Abteilung 102 combate ainda dentro do bolsão de Falaise antes de se retirar para o Rio Sena. O escore da unidade se eleva a 230 tanques destruídos contra a perda de 20 Tigres durante a Batalha da Normandia. Fey totaliza a bagatela de 88 vitórias, sendo 73 tanques e 15 meia-lagartas.
Se a sua tabela de escores excepcional não lhe concede o direito de receber um novo Tigre, os seus superiores reconhecem o seu valor e, de 1º de outubro de 1944 a 30 de janeiro de 1945 ele frequenta um curso de oficiais em Königsbrück. Ao final da guerra ele se encontra cercado em Berlim onde le irá novamente enfrentar os veteranos soviéticos. Devido à falta de tanques, Fey atacará os T-34/85 à golpes de Panzerfaust. Ainda o seu dinamismo, o seu caráter impulsivo e a sua tenacidade farão maravilhas. E mais oito T-35/85 "Tridtsatchetverkas" se juntarão à sua lista por conta dos foguetes anti-tanques! A sua excepcional carreira é recompensada pela concessão da Ritterkreuz em 29 de abril de 1945. Will Fey jamais lamentou seus nove ferimentos durante o curso da guerra. Guerreiro de Alma, ele seguiu carreira na Bundeswehr (o novo exército federal alemão). E, como prova de seu dinamismo legendário, superando as sequelas de seus ferimentos, ele obteve o brevê de para-quedismo aos 42 anos de idade contrariando as advertências dos médicos, aterrorizados com a sua ficha médica!
Foi, finalmente como Hauptmann (Capitão) que Will Fey se aposentou, em 1974, coroando assim uma carreira formidável. Ele vive até os dias de hoje (a revista é de 2007).


                                     

Will Fey como capitão da Bundeswehr

O seu Tigre 134.






Até logo mais!

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